Primeiro empreendimento imobiliário da Zona Portuária do Rio será lançado na próxima sexta-feira
Após uma espera que se alonga desde o início do processo de revitalização da Zona Portuária do Rio, será lançado nesta sexta-feira o primeiro empreendimento residencial da região, um investimento da Cury Construtora com 1.224 apartamentos na Praça Marechal Hermes, no Santo Cristo. Para o mercado imobiliário, a novidade vem em boa hora. E não deve ser a única mexida nos ânimos onde os últimos anos foram de marasmo: a previsão é de que outros dois residenciais sejam anunciados na região este ano e que, no próximo semestre, comece a primeira etapa de obras para transformar o histórico Moinho Fluminense num espaço multiuso.
São as expectativas de Gustavo Guerrante, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp). O que já está confirmado, o Rio Wonder, da Cury, marca o rompimento com um período de seis anos de inatividade de vendas no Porto Maravilha dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos usados para financiar operações urbanas consorciadas que recuperam áreas degradadas. Localizado próximo à Rodoviária Novo Rio, o condomínio terá três torres de 20 andares, com estúdios, apartamentos de um quarto, de dois quartos e de dois quartos com suíte. De acordo com Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da Cury, os imóveis custarão de R$ 195 mil a R$ 400 mil, e devem atrair um público com renda entre R$ 6 mil e R$ 11 mil.
— Há muitos anos vínhamos tentando viabilizar um empreendimento no Porto – afirma Mesquita, destacando alguns dos atrativos para a aposta. – Atuamos muito na Zona Norte, onde às vezes surgem questões como segurança, transportes e o fato de a infraestrutura nesses bairros muitas vezes ser mais antiga. No Porto, temos uma infraestrutura nova, proximidade com o Centro e com o Boulevard Olímpico, VLT, acesso a vias como a Avenida Brasil e a Linha Vermelha… Não existe no Rio lugar com mais estrutura para receber empreendimentos residenciais — acrescenta.
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Nas áreas de lazer, o projeto inclui piscina, um rooftop com bar e vista para a Baía de Guanabara, brinquedoteca, entre outras estruturas. Já pensando na oferta de comércio e serviços, que ainda é ponto questionado por quem cogita morar no Porto, o empreendimento inclui um espaço para um minimercado. E os condôminos também terão acesso, por exemplo, a lavanderia e uma área de oficina para pequenos reparos.
— Acredito ainda que, com de 3 mil a 3.500 novos moradores, obviamente que vai ser gerada a atração de mais comércio para o entorno — afirma Mesquita.
A opinião é a mesma de Guerrante. Para ele, os empreendimentos que vão habitar o Porto estimularão também o comércio do dia a dia de um bairro, como padarias e mercados. Ele afirma que, depois do período de sucessivas crises financeiras que afetaram o andamento da revitalização da região, quase todas as manifestações de interesse do mercado que têm sido tratadas pela Cdurp são para residenciais. Entre os locais que têm atraído mais atenções, diz ele, estão as proximidades da Avenida Venezuela e a área entre o Santo Cristo e a Rodoviária.
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Segundo o presidente da companhia, ainda não é possível anunciar onde e quais novos empreendimentos serão lançados este ano, mas devem ser no mínimo dois. Sobre outro projeto prometido para movimentar a região, o espaço multiuso projetado para o Moinho Fluminense, Guerrante afirma que o licenciamento de obra foi emitido e o projeto está sendo submetido à aprovação da prefeitura. Ele espera que a primeira fase da obra comece no segundo semestre de 2021. A antiga fábrica de moagem de trigo, inaugurada em 1887 e considerada uma das construções mais icônicas do Porto, ganhará um centro comercial, além de áreas de coworking e de eventos. Além disso, ligará o Boulevard Olímpico à Praça da Harmonia, outra joia da região.
Ele aposta ainda que o projeto Reviver Centro, de estímulo à moradia no Centro e na Lapa, ajude a trazer bons ventos também para o Porto. E cita planos, envolvendo diferentes esferas de governo e também a iniciativa privada, que integrarão a região a sua outra vizinhança, a da Zona Norte, pelo bairro de São Cristóvão.
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— Já foi anunciada a extensão do VLT da Rodoviária até o Gasômetro. O novo zoo deve atrair 100 mil pessoas por mês quando passarmos o período de pandemia. Há a expectativa também da necessária reabertura do Museu Nacional. E lançamos um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para o Pavilhão de São Cristóvão. São iniciativas que vão interligando mais o Porto a seu entorno — diz Guerrante.
O Presidente da Ademi e vice-presidente do Sinduscon-Rio, Cláudio Hermolin também comemora o lançamento do novo empreendimento e uma aguardada mudança de ares no Porto. Segundo ele, o residencial da Cury serve como uma mola propulsora para mostrar o potencial de empreendimentos residenciais não só no Porto Maravilha, como também do Reviver Centro.
— O Porto ajuda o Reviver. E o Reviver ajuda o Porto — diz ele.
Sobre o Centro, ele afirma a urgência das medidas de recuperação da região, dado o rápido processo de degradação agravado pela pandemia. Hermolin defende ainda a manutenção no Reviver da chamada operação interligada. É um instrumento usado pela prefeitura para atrair investidores, pelo qual os que fizerem obras para erguer ou reconverter imóveis no Centro e na Lapa teriam a possibilidade, mediante pagamento de contrapartida ao município, de fazer construções com mais pavimentos no Leme, em Copacabana, em Ipanema e na Zona Norte. A medida, porém, gera polêmica entre vereadores e entidades de arquitetura e urbanismo.
Fonte: Extra online