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Na pandemia, arrecadação com imposto de imóveis no Rio caiu quase à metade

Na pandemia, arrecadação com imposto de imóveis no Rio caiu quase à metade

Diante da pandemia do novo coronavírus, muita gente desistiu de fazer grandes investimentos. Quem queria comprar um imóvel fechou o bolso; quem queria vender segurou.

Com tanta incerteza, o mercado imobiliário esfriou no RJ. Só na capital, as vendas tiveram queda de 40%, e a oferta de aluguel recuou cerca de 15%.

Com o isolamento social, o corretor de imóveis João Guimarães precisou inovar. Agora, ele visita os imóveis para os clientes não precisarem sair de casa.

“Tem que inovar, não tem jeito. A gente tem que inovar e mudar. Eu percebi que era uma maneira de trazer mais segurança para ambas as partes”, contou o corretor.

Em abril, João vendeu quatro apartamentos, mas eram negociações antigas.

“Antigamente você atendida 10, 15 contatos por dia para ter um interessado. Agora, você conversa com um ou dois realmente querendo comprar, de fato”, destacou o corretor.

Compra abortada
Rogéria e Jéssica pisaram no freio. Mãe e filha, elas queriam sair da Baixada Fluminense para morar mais perto do trabalho.

“Nós optamos por comprar um apartamento no Méier pela localização e tudo mais. Só que quando nós estávamos com contrato feito, tudo assinado, tudo direitinho, aí na semana seguinte nós tomamos um susto com essa pandemia que tinha chegado no Brasil. E aí nós precisamos desistir da compra devido a toda essa instabilidade”, contou Jéssica, que é auxiliar administrativa.
Perda de R$ 22 milhões
Toda vez que um negócio é fechado, o comprador tem que pagar à prefeitura o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) para poder passar o imóvel para o nome dele.

Só na capital do Rio, a prefeitura viu a arrecadação dessa taxa cair 40% em abril na comparação com o ano passado, o que equivale a uma perda de R$ 22 milhões.

“Quem iria colocar para vender segurou. Quem iria colocar pra alugar segurou. Isso ficou muito claro nos dados que a gente viu no Secovi, uma diminuição da quantidade de oferta, no ritmo que a gente vinha. E quem iria fazer algum movimento, seja para comprar ou para vender, também segurou um pouco nesses primeiros dois meses”, disse o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Scheneider.

Além da queda da arrecadação com o ITBI, outros números que mostram o quanto o mercado imobiliário perdeu fôlego no RJ são:

  • a oferta de imóveis para vender, que vinha subindo, desabou 17,7%;
  • o preço do metro quadrado para venda caiu 1,34%;
  • a oferta de alugueis levou um tombo de quase 14,8%;
  • e a inadimplência dos alugueis disparou de 9% em março para 25% em abril.

Os dados são do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi), que destacou, ainda, que metade de todos os contratos de aluguel do estado tem pedidos de renegociação.

“Aos proprietários, o que a gente recomenda é uma negociação, um bom senso entre inquilino e proprietário. Muitos inquilinos estão sendo mais afetados, outros menos, e o proprietário tem que ter essa sensibilidade. O proprietário muitas vezes, é a grande maioria, precisa dessa renda para compor seu orçamento e também pagar as suas despesas, a sua realidade. Então, você tem que ter um jogo de cintura, muito diálogo e muita flexibilidade nesse momento”, destacou o vice-presidente do Secovi-Rio.

Apesar da perda de fôlego do mercado imobiliário, as expectativas para o pós-pandemia no estado são otimistas, segundo o Secovi.

“A gente entende que tem condições muito favoráveis para o mercado voltar com um novo formato, talvez com pequenas mudanças, um novo normal, vamos falar assim, mas com potencial de ser um mercado mais aquecido, mais atraente, com possibilidades de investimento e preços interessantes e com condições talvez jamais vistas na questão do financiamento imobiliário”, acrescentou Scheneider.

Para Jéssica, a mudança com a mãe não ficou para trás. “Depois que passar tudo isso, que tudo se normalizar, a gente pretende sim dar entrada no imóvel. Continuar na busca por esse sonho, ne?!”, disse.

Fonte: G1.com

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